Em 15 dias, três governadores e um ex-vice-governador tiveram o telefone clonado ou hackeado no Brasil. As vítimas mais recentes são cearenses. Nesta quarta-feira (4), criminosos usaram o nome – e o número de telefone – do governador Camilo Santana (PT) e do ex-vice-governador Domingos Filho (PSD) para tentar aplicar golpes cibernéticos usando o aplicativo Whatsapp.
Essas denúncias se juntam a uma lista que só cresce de políticos alvos desse tipo de fraude. Especialistas em segurança digital explicam que há diversos tipos de golpe e que as imagens públicas desses políticos facilitam na hora de enganar as vítimas.
Por outro lado, há formas simples de prevenir esses crimes, apenas com configurações rápidas no aparelho celular.
MODUS OPERANDI
De acordo com Renato Marinho, especialista em segurança da informação, há dois tipos mais comuns de golpes. No primeiro, o fraudador liga para o proprietário do número de telefone e cria uma história para induzir a vítima a repassar o código de verificação do Whatsapp.
“Eles usam esse código para acessar o aplicativo por outro aparelho. É como se eles roubassem o Whatsapp, o dono da conta fica sem acesso. Depois disso, os atacantes se passam pela vítima para pedir dinheiro a amigos, familiares e colegas”, explica.
De acordo com Marinho, outro método comum é o que golpistas usam um número novo de telefone, mas copiam a foto da vítima.
“Eles tentam se passar pela pessoa. Esse método é até mais fácil de ser aplicado em políticos e celebridades, que têm muitas fotos públicas. Neste caso, o atacante precisa ter, na verdade, o telefone de familiares e amigos da vítima, para conseguir aplicar o golpe”
RENATO MARINHOEspecialista em segurança da informação
CASO DO GOVERNADOR DO CEARÁ
Nem Camilo Santana, nem Domingos Filho deram detalhes sobre como os criminosos obtiveram os dados. O governador informou apenas que teve o celular “invadido por hackers”. “(Eles) roubaram dados da agenda de contatos e passaram a enviar mensagens em meu nome tentando aplicar golpe financeiro”, disse.
“Informo a todos que meu celular foi clonado e roubaram informações e números de telefones. Estão solicitando dinheiro em meu nome. Já registrei boletim de ocorrência e peço para desconsiderar todas mensagens com este teor”, disse Domingos .
No último dia 2 de agosto, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), relatou situação parecida. Ele disse que teve o telefone clonado e alertou sobre o golpe nas redes sociais. Em 20 de julho, a vítima foi Hélder Barbalho (MDB), governador do Pará.
“Fui vítima de crime cibernético. Meu número de telefone foi clonado. Já fiz boletim de ocorrência e estou tomando as providências para resolver o problema”, disse o emedebista.
NOVOS GOLPES
Para Alberto Jorge, especialista em cibersegurança, há ainda uma modalidade mais recente de golpe que usa dados vazados na internet. “Provavelmente, o telefone do governador não foi invadido. O que aconteceu foi que alguém conseguiu o contatos de pessoas próximas a ele e, se passando pelo governador, instalou um Whatsapp novo, colocou a foto dele, e começou a falar com essas pessoas”, explica.
“Como não tem invasão direta, a única solução nestes casos é ficar alerta e desconfiar. Por que uma pessoa está me pedindo dinheiro em uma emergência por mensagem? Problemas urgentes se resolvem por telefone. A dica que damos é ligar para a pessoa e, se ficar em dúvida, não passe o dinheiro”ALBERTO JORGEEspecialista em cibersegurança
Alberto alerta também que outras modalidades de golpes seguem ocorrendo, então é preciso criar barreiras de segurança.
Alberto alerta também que outras modalidades de golpes seguem ocorrendo, então é preciso criar barreiras de segurança.
“A melhor forma de se proteger, no caso do Whatsapp, é usar a autenticação em dois fatores. Outro ponto relevante é suprimir a foto apenas para seus contatos, porque dificulta para o atacante obter uma foto sua. É fundamental também usar senhas fortes. Mesmo senhas difíceis podem ser quebradas, mas exige um esforço maior. Com tudo isso, você consegue reduzir em mais de 80% seus problemas”, conclui.
Fonte: Diário do Nordeste
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