“O Estado do Ceará parece não despender a mínima atenção para o grave problema que se apresenta”. Com estas palavras, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), através do promotor de Justiça Ricardo de Lima Rocha, da 26ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, ajuizou nesta quarta-feira (1º) um pedido à Justiça para que, “com a máxima urgência”, sejam recolhidas todas as armas de fogo entregues ontem pelo governo do estado aos novos policiais civis e militares cearenses.
O pedido reforça a grave denúncia de que as armas adquiridas pelo Estado, pistolas de calibres 9 milímetros e Ponto 40 (.40) não possuem trava de segurança que possam impedir tiros acidentais. A polêmica em torno da compra das armas – fabricadas nos Estados Unidos pela indústria armamentista alemã Sig Sauer – foi objeto de uma Ação Civil Pública impetrada pelo mesmo promotor há sete meses e que ainda não foi analisada pelo juiz da 13ª Vara da Fazenda Pública Estadual.
Sem o julgamento da Ação Civil Pública, que pedia a anulação da compra das armas por ferir as regras impostas pela licitação, o Estado prosseguiu no processo de compra das armas. E nesta quarta-feira, a Secretaria da segurança Pública e Defesa Social realizou uma solenidade para a entrega das novas armas. O titular da Pasta, delegado federal André Costa, ressaltou o investimento do governo e acrescentou que “vai é sobrar” armas, se referindo às recentes denúncias de que os novos policiais civis estavam sem o equipamento para iniciarem o trabalho nas delegacias e nas ruas.
O promotor de Justiça autor da Ação Civil Pública chegou a revelar que, para não perder a licitação e, consequentemente, a venda milionária das armas – estimada em cerca de R$ 4,5 milhões – a fabricante, com o aval do governo do Estado, fez uma “gambiarra” nas pistolas, o que não impede os disparos acidentais.
Por: Fernando Ribeiro.