Polícia seria responsável por mortes durante tiroteio em Milagres, afirma refém que sobreviveu.

A mãe de Francisca Edneide da Cruz Santos, 49, uma das 14 vítimas mortas na tentativa de assalto a banco no município de Milagres, no Ceará, descreveu detalhes do tempo em que foi mantida refém pelos suspeitos, junto à filha. Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, a agricultora Maria Larilda Rodrigues relatou que o filho dela e um dos bandidos afirmaram que otiro que vitimou Edneide partiu da polícia.

O filho da agricultora, irmão da vítima também feito refém na ação, afirmou a um dos policiais: “Vocês mataram minha irmã!”. Nesse momento, segundo a testemunha, o agente de segurança levou as mãos à cabeça, adotando expressão de desespero.

Edneide morava em São Paulo e aproveitou uma licença do trabalho para vir ao Ceará e passar dois meses com os pais.

O tempo entre o desembarque e a morte, porém, foi curto demais. “Fomos buscar ela no aeroporto, e no caminho de volta, perto de Brejo Santo, a gente viu um caminhão atravessado na estrada, com um carro de cada lado da pista, e um movimento daqueles moços mascarados. Aí pensei ‘Senhor, tá tendo um assalto, tem misericórdia!’”, relembra Maria Larilda.

Segundo ela, os suspeitos pararam o carro, renderam e separaram os quatro membros da família em dois veículos diferentes. A agricultora seguiu com a filha e dois bandidos em uma Hilux, enquanto o marido e o filho ficaram no automóvel pertencente ao grupo de assaltantes. Ambos os carros foram em direção ao Banco do Brasil de Milagres. De acordo com Larilda, o suspeitos tentavam tranquilizar a família, dizendo que “não queriam celular, dinheiro nem carro, nem maltratar”, apenas as levariam “numa missão”.

“Quando tava perto do banco, já vi meu menino e meu esposo, já passando mal. Os bandidos voltaram com a gente, já perto da pista, e começou o tiroteio. Senti arder, tinha farelo de pólvora, mas não vi que tinha pegado tiro na minha filha. Aí o bandido que tava do lado dela disse: ‘(A polícia) Quebrou minhas pernas e matou a mulher!’. Olhei pra ela e vi o sangue descendo, o cabelo no rosto. Ainda botei a mão no buraco saindo sangue, tirei e despejou como uma garrafa d’água derramando”, relata a mulher.

Segundo a mãe de Edneide, os suspeitos correram para um matagal, e o bandido que fez a filha de escudo, que teve as pernas quebradas, pediu ajuda aos demais, que não voltaram para buscá-lo. “Fiquei com a minha filha dentro do carro já morrendo, com o sangue fervendo na goela, e eu pedindo socorro, gritando, mas não apareceu ninguém. Quando meu menino se deitou no chão que a polícia começou a chegar nele, ele disse ‘Vocês mataram minha irmã!’, e o policial fez assim”, declara, replicando o gesto do agente de segurança.

“É muito difícil. Isso que você tá vendo em mim é a força de Deus, porque você ver uma filha sua morrer em seus braços lavada de sangue e passar até 3 horas na beira de uma pista pedindo socorro e não aparecer ninguém…”, finaliza a agricultora. O sepultamento de Francisca Edneide será realizado em Brejo Santo, quando a família dela chegar de São Paulo. A mulher deixou esposo, dois filhos e uma neta.

Fonte: Diário do Nordeste.

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Post Author: Repórter Ceará

Coordenador e Repórter.

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