Variante do HIV mais transmissível e agressiva é encontrada na Holanda e em outros países.

Surgida provavelmente entre os anos 1980 e 1990, a variante VB foi detectada em mais de 100 pacientes analisados em pesquisa liderada por cientistas da Universidade de Oxford e publicada nesta quinta-feira (3) na revista Science.

Batizada como “variante VB”, abreviação em inglês para “variante virulenta do subtipo B”, ela demonstrou ser capaz de levar a uma maior carga viral no sangue em comparação com outros tipos do vírus; de ser mais transmissível; e de diminuir mais rapidamente as células de defesa T-CD4 do corpo.

Os autores da pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade Oxford (Inglaterra), estimam que a variante surgiu na Holanda entre o final dos anos 1980 e a década de 1990, se espalhou nos anos 2000 e passou a perder força a partir de 2010. Mas esta é a primeira vez que a variante é descrita e mapeada em indivíduos —a infecção pela VB foi confirmada em 109 pessoas analisadas no estudo, a grande maioria na Holanda (os pesquisadores detectaram também um caso na Suíça e outro na Bélgica).

“A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato”, escreveu Wymant, pesquisador sênior da Universidade de Oxford e especialista na evolução dos vírus.

Carga viral de 3 a 5 vezes maior

O HIV tem alguns subtipos, fortemente relacionados à localidade. Por exemplo, na África, os subtipos mais comuns são A, C e D; na Europa, o subtipo B. Segundo um estudo publicado no ano passado, no Brasil, o subtipo B também é o mais frequente.

Wymant explica que, dentro dos subtipos, há a ramificação em variantes.

“Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é. Especialmente uma com maior virulência”, diz o pesquisador.

“O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características.”

No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido.

Os pesquisadores dizem que, possivelmente, a variante foi resultado de mutações que aconteceram ao longo do tempo e só foi revelada agora por alguns motivos —como o fato de o sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV ser relativamente recente.

Com informações do G1

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Post Author: Redação

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